Morre homem que dirigiu papamóvel de João Paulo II em visita ao Recife
Severino Macário dos Santos, 81 anos, soube somente no dia que tinha sido escolhido para dirigir para o religioso, em 1980. Família escutou história ao longo dos anos.
A visita do Papa João Paulo II, em 1980, é uma das celebrações religiosas mais importantes da história do Recife. Entre os milhares de anônimos que acompanharam a estada do pontífice, poucos chegaram tão perto quanto Severino Macário dos Santos, escolhido para uma missão: guiar o papamóvel. Nesta quinta (9), parentes e amigos se despediram do motorista, que morreu na quarta (8), em casa, na capital pernambucana. (Veja vídeo acima)
Macário tinha 81 anos e, segundo a família, estava com câncer na coluna. Morador de Tracunhaém, na Zona da Mata do estado, voltou ao residir no Recife para facilitar o tratamento da doença, descoberta há nove meses.

Frequentador de uma igreja evangélica, ele recebe homenagens em um templo Batista na Zona Oeste do Recife. O enterro ocorreu às 16h, no Cemitério do Pacheco, no bairro de Tejipió, na mesma região.
Quase quatro décadas depois daquele dia 7 de julho, a neta de Severino Macário, a jornalista Ana Macário, lembra das histórias contadas pelo homem que acompanhou a principal autoridade da Igreja Católica por algumas horas. “Ele foi abençoado por João Paulo II e ganhou duas medalhas. Infelizmente, essas recordações se perderam com o tempo”, contou.

Papamóvel na Avenida Agamenon Magalhães, no Recife, em 1980 (Foto: Acervo/TV Globo/Reprodução)
Ao longo da vida, Ana se acostumou com a história contada pelo motorista do Papamóvel no Recife. Orgulhosa, ela diz que o avô fazia questão de ressaltar a importância da missão. “Ele dirigia ônibus elétricos, na Companhia de Transportes Urbanos (CTU), que já não existe mais. Apenas 30 homens foram escolhidos para o primeiro treinamento e meu avô era um deles”, relembrou.
Depois do primeiro período de testes, Macário, escolhido por ser profissional exemplar e pontual, passou para a segunda etapa do treinamento.
“Eram cinco homens que não sabiam o que aconteceria, por causa das medidas de segurança adotadas. Meu avô só soube que iria dirigir para o papa no dia da visita”, disse.
Ana Macário lembra, ainda, que o avô falava com satisfação sobre a data tão especial. “Ele sempre falava sobre a emoção vivenciada naqueles momentos. O cortejo saiu da base aérea e seguiu até o Centro do Recife. Ele dizia que foram momentos de muita alegria”, acrescentou.
A neta do motorista do Papamóvel conta que Severino Macário levou uma vida de dedicação à família. Teve 12 filhos, registrou três netos e adotou uma criança “Ele ficou com a minha avó até a morte dela, nos anos 80. Em 1988, casou de novo”, disse a jornalista.

Visita do Papa João Paulo II à Teresina em 1980; Papa visitou diversas cidades brasileira naquele ano (Foto: Arquivo Público do Piauí/Fernando Brito)
Visita
Severino Macário foi citado em reportagens de jornal da época da visita. Uma das matérias relata que o motorista que conduziu a comitiva ganhou um abraço de Joaõ Paulo II.
No Recife, o polonês Karol Wojtila, nome de batismo do papa, se encontrou com o então arcebispo de Olinda e Recife, dom Helder Câmara. De acordo com noticiário da época, cerca de 500 mil pessoas acompanharam o cortejo e a missa campal realizada no bairro da Ilha Joana Bezerra, no Centro.
João Paulo II ficou no Brasil durante 12 dias. Ele foi o primneiro papa a visitar o Brasil, esteve em 13 cidades ganhou o título de “João de Deus”.
Fonte : Planeta Folha
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